Primeiro raio-x à crise provocada pela pandemia em 6 gráficos
Os indicadores avançados já mostram como a (quase) paralisação da economia está a afetar a confiança e a atividade económica em Portugal.
Este comportamento reflete a deterioração muito rápida da confiança transversal a todos os setores e aos consumidores, o que se explica pela natureza repentina do choque pandémico.
Os números divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) permitem fazer o primeiro raio-x à crise provocada pelo coronavírus em Portugal.
Veja-o através deste seis gráficos:
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A confiança dos consumidores e o indicador do consumo privado registaram uma queda significativa. Exemplo disso é que os levantamentos e pagamentos no multibanco baixaram 17% e a venda de carros caiu mais de 50%. Os portugueses não só consumiram menos por estarem fechados em casa como estão mais pessimistas em relação ao futuro. -
Em março, o indicador de clima económico registou a maior quebra mensal da série, atingindo o valor mais baixo desde dezembro de 2014. A queda da confiança é transversal a todos os setores, com os índices a atingirem mínimos da anterior crise (2013/2014). -
A confiança da indústria transformadora também caiu por causa da deterioração das perspetivas de produção face à queda da procura. Em março, muitas fábricas encerraram. -
No caso da construção, a queda mais tímida do indicador de confiança refletiu “o significativo agravamento do saldo das opiniões sobre a carteira de encomendas”. -
O indicador de confiança do comércio caiu “de forma acentuada” para um mínimo de dezembro de 2014, refletindo o contributo negativo das “perspetivas de evolução da atividade e das opiniões sobre o volume de vendas”. Este foi um dos setores mais afetados pelas restrições da pandemia uma vez que a maioria dos negócios implica atendimento ao público, o que esteve e continua a estar limitado. A subida do comércio eletrónico não bastou para compensar. -
O indicador de confiança dos serviços diminuiu para um mínimo de outubro de 2013”, em resultado do contributo negativo de todas as componentes, destacando-se a evolução negativa das opiniões e perspetivas sobre a evolução da carteira de encomendas”. As atividades ligadas ao turismo têm sido as mais afetadas, tal como sugerem os dados de adesão ao lay-off ou a distribuição dos novos desempregados por setores.
Note-se que esta análise, ao contrário do que costuma acontecer na síntese económica de conjuntura, é feita com os valores efetivos de março e não com a média móvel de três meses que é o indicador alisado utilizado para eliminar movimentos irregulares. Contudo, para detetar esta crise, que tem contornos especiais, o valor mensal é mais adequado.
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