Sindicato não está surpreendido com intenção de despedimento coletivo na Efacec

  • Lusa
  • 5 Abril 2024

Sindicato Site Norte não está surpreendido com a intenção de despedimento coletivo na Efacec, já que o fundo Mutares, que comprou a empresa portuguesa, "já tem um historial" semelhante noutros países.

O sindicato Site Norte não está surpreendido com a intenção de despedimento coletivo na Efacec, lembrando que o fundo Mutares, que comprou a empresa portuguesa, “já tem um historial” semelhante noutros países, disse Miguel Ângelo, representante da estrutura.

Em declarações à Lusa, o responsável do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte), disse que, ao conhecimento do sindicato tinham chegado 12 trabalhadores abrangidos pelo processo na Efacec Engenharia.

“Nós tivemos razão quando dizíamos que vender a empresa a um fundo que já tem um historial de despedimentos noutros países” poderia resultar nesta situação, indicou.

Num comunicado no final de março, o sindicato já dava conta desta questão.

“Tínhamos razão quando alertámos que o domínio do capital estrangeiro, nesta empresa estratégica, não serviria para beneficiar o país nem os trabalhadores. Este não iria ser o caminho para valorizar os salários e as carreiras profissionais”, lê-se no documento.

“O plano para o despedimento coletivo já era conhecido desde que chegaram ao fim” as “rescisões amigáveis”, disse o sindicato, no mesmo comunicado.

“A intenção de despedimento coletivo, provavelmente, vai ter como primeiro alvo os trabalhadores que não aceitaram alienar o seu posto de trabalho pela via dessas ‘rescisões amigáveis'”, denunciou.

Numa declaração, a Efacec reconheceu que a sua estratégia passa por “um ajustamento da organização, incluindo o número de efetivos, às necessidades que o negócio exigir a cada momento”.

“O foco da empresa está nas áreas ‘core’ [principais] da Efacec que são rentáveis e que representam o valor acrescentado que o nosso ‘know-how’ [conhecimento] interno aporta”, ou seja “projetos de alto valor acrescentado e em expansão”.

A empresa revelou que “irá descontinuar linhas de produto”, em várias áreas, “negócios que representam aproximadamente apenas 10%” das receitas, “provocam dispersão de recursos, e que historicamente têm apresentado prejuízo ou margens consideravelmente baixas”.

“Será um descontinuar faseado, respeitando as nossas obrigações contratuais em curso”, assegurou.

A Efacec disse ainda que entre 2020 e 2023, inclusive, “reduziu o volume de negócios em 60%; o número de efetivos em 30%”.

“Até voltarmos ao equilíbrio sustentável há ainda um ajustamento que resultará do ritmo de recuperação de empresa e da possibilidade real da realocação de pessoas para áreas de negócio definidas como prioritárias, que serão também as de maior crescimento”, destacou, indicando que “este reequilíbrio deverá acontecer durante o ano de 2024, acentuadamente no primeiro semestre”.

O jornal Expresso noticiou na quinta-feira que “mais de 90 trabalhadores da Efacec já receberam aviso de despedimento coletivo”.

O fundo de investimento Mutares finalizou a compra da Efacec ao Estado, em novembro, indicando que iria reforçar o segmento de engenharia e tecnologia, permitindo que a empresa recupere “uma posição de destaque no mercado”, foi anunciado.

A Efacec, que tem sede em Matosinhos, conta com cerca de dois mil trabalhadores.

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