Jovem de Tondela transforma quinta da família em marca de vinhos que já chega aos EUA
Na mãos de Micael Batista, a Quinta da Ramalhosa conta atualmente com 7 hectares de vinha, 8 referências de vinho e uma produção anual de 65 mil garrafas. Exportação já pesa 30% nas vendas da empresa.
Paulo Batista, produtor agrícola já de longa data, herdou do pai Adriano uma quinta em Tondela, na sub-região de Besteiros (Dão), onde em tempos foram plantadas vinhas para, como era tradição na região, fazer vinho em garrafão para consumir e partilhar com os amigos. O filho Micael Batista herdou o gosto pela viticultura e em 2012, com apenas 14 anos, rumou até Montemor-o-Velho para tirar um curso de Técnico de Produção Agrária.
“O meu avô adquiriu a propriedade e plantou um hectare de vinha. Fazia vinho em casa e vendia algumas uvas para a cooperativa. Quando ele faleceu, o meu pai deu continuidade ao projeto e passou a fazer todo vinho em casa e a vender aos amigos e a granel para alguns restaurantes locais”, resume Micael Batista, que mais tarde deu continuidade ao projeto familiar e criou a marca Quinta da Ramalhosa.
Micael Batista conta que, na altura da crise que se estendeu de 2008 a 2011, o pai queria arrancar parte das vinhas porque o “negócio a granel estava a ser muito mal pago”. Como não era a sua atividade principal, a ideia era passar a produzir apenas algum vinho para consumo interno e “não estar a alimentar algo que era insustentável”. O jovem empreendedor não deixou o pai destruir parte das vinhas e decidiu assumir o negócio e dedicar-se a rejuvenescer a quinta da família.
Foi no curso de Técnico de Produção Agrária que aprendeu mais sobre a terra e os seus frutos, e desenvolveu o trabalho final sobre cerveja artesanal, que lhe valeu dois prémios no concurso da escola – um primeiro lugar a nível regional e um segundo no distrito de Coimbra. Não só despertou o lado empreendedor, como o fez investir no projeto de vinho da Quinta da Ramalhosa com uma visão focada em “produzir vinhos de grande qualidade, com um posicionamento muito bem definido”. Em 2015, e apenas com 17 anos, Micael faz o seu primeiro vinho, que chegaria ao mercado como Quinta da Ramalhosa Field Blend tinto 2015.
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Daniel Batista, fundador do projeto Quinta da Ramalhosa Quinta da Ramalhosa -
Quinta da Ramalhosa -
Quinta da Ramalhosa
Quando pegou na quinta de família tinha apenas um hectare de vinha. Hoje conta com sete hectares (dois de vinha velha e cinco de novas), oito referências de vinho e uma produção anual de 50 mil litros de vinho, o que corresponde aproximadamente 65 mil garrafas. A exportação já pesa 30% das vendas da Quinta da Ramalhosa, com o vinho a chegar a países como os EUA, Nigéria e Luxemburgo. Micael Batista prevê para breve a chegada dos vinhos à China e que no próximo ano voem até ao Brasil e Inglaterra. Os restaurantes e adegas absorvem a grande maioria das vendas dos vinhos, que variam entre os dez e os 60 euros.
Vivemos nas poucas zonas de Portugal que ainda consegue ter a proximidade com a terra e com a família.
Além da exportação, está nos planos do jovem de 26 anos apostar no enoturismo. “Para o ano queremos ter um pequeno comércio na quinta com uma loja de produtos locais e os nossos vinhos”, descreve Micael Batista. Acrescenta que tem ideia de fazer jantares privados na quinta, com a avó como chef. “Vivemos nas poucas zonas de Portugal que ainda consegue ter a proximidade com a terra e com a família”, afirma com orgulho.
Micael Batista dá muito valor à família e conta que “sem eles seria impossível ter este projeto”. Desde o arranque do projeto (2015) calcula já terem investido mais de 700 mil euros no projeto da Quinta da Ramalhosa.
Em outubro de 2017, um grande incêndio destruiu tratores, pavilhões e alfaias na quinta da família, incluindo o negócio dos pais que são feirantes (armazém, carrinhas e material). Um “investimento de mais de 350 mil euros que ardeu”, lamenta. No entanto, o jovem empreendedor deu continuidade ao projeto e manteve vivo o sonho. Depois veio a Covid-19, mas a vontade de singrar foi superior aos dissabores. “Se aguentei até agora, vou levar isto até ao final”, conclui.
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