Parlamento Europeu pede que Portugal não perca fundos da coesão no novo orçamento da UE

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2025

“O reforço da capacidade de resposta às crises deve garantir que os fundos da política de coesão não sejam utilizados para esse fim", indica um relatório preliminar da Eurocâmara.

O Parlamento Europeu pede que, no próximo orçamento da União Europeia (UE) até 2034, países como Portugal não percam os atuais fundos da política de coesão face às novas prioridades comunitárias e a um eventual alargamento.

“Há um grande consenso no Parlamento Europeu de que a política de coesão é absolutamente essencial para os 27 Estados-membros, portanto nós temos a perfeita consciência de que tem de continuar a haver”, disse esta quarta-feira à agência Lusa a eurodeputada socialista Carla Tavares, uma das correlatoras da assembleia europeia para o orçamento da UE a longo prazo 2028-2034.

De acordo com a parlamentar do PS, “países como Portugal, Roménia e Polónia são um bom exemplo da importância que a política de coesão tem tido”. Para assegurar tais fundos, “as receitas [europeias] têm de ser mais fortes, têm de ser mais modernizadas e há uma questão que é importante também relativamente aos [novos] recursos próprios”, que devem ser estudados, referiu Carla Tavares à Lusa.

A posição surge quando a comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu finaliza um relatório sobre um “orçamento renovado a longo prazo para a União num mundo em mudança”, assinado por Carla Tavares e o eurodeputado Siegfried Mureşan, do Partido Popular Europeu, o outro correlator.

No projeto de relatório, que ainda aguarda contributos das bancadas parlamentares, lê-se que “o reforço da capacidade de resposta às crises deve garantir que os fundos da política de coesão não sejam utilizados para esse fim e possam, por conseguinte, ser utilizados para os objetivos de investimento previstos”. Para isso, é sugerida uma “reforma profunda dos instrumentos especiais existentes para reforçar a capacidade de resposta às crises”.

Estão em causa, por exemplo, “dois instrumentos especiais”, como um dedicado a assegurar a solidariedade em caso de catástrofes naturais (o sucessor da atual Reserva Europeia de Solidariedade) e outro para a resposta a crises de caráter geral (o sucessor do Instrumento de Flexibilidade).

Quando se avalia a expansão do bloco comunitário, com países candidatos como a Ucrânia e a Moldova, o Parlamento Europeu vinca que “os envelopes nacionais não devem ser afetados em caso de alargamento”, ao mesmo tempo que o próximo Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034 deve “reformar domínios de despesa fundamentais, como a coesão e a agricultura, e planear medidas de transição e de introdução progressiva adequadas”.

Portugal tem vindo a defender um aumento do orçamento comunitário com mais contribuições nacionais dos Estados-membros, novos instrumentos financeiros comuns (como uma nova emissão conjunta de dívida) e novos recursos próprios (como uma taxa de carbono, um fundo de transição justa e uma taxa sobre o digital).

O país teme, porém, que estas novas prioridades afetem as políticas nacionais, pedindo que se mantenham os atuais envelopes e a atual flexibilidade. Entre as principais prioridades da UE para os próximos anos está a competitividade face aos seus principais concorrentes, os Estados Unidos e a China, bem como a segurança e defesa e uma transição digital e ‘verde’.

A Comissão Europeia deve avançar em julho com a sua proposta de Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034, iniciando-se depois as negociações entre os colegisladores (Parlamento e Conselho). Até lá, a assembleia europeia pretende, na sessão plenária de maio, ter já uma posição comum (num relatório de iniciativa) sobre as principais diretrizes para o próximo orçamento da UE a longo prazo.

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