Ana Mesquita reinventa a arte através da sustentabilidade
Artes

Ana Mesquita reinventa a arte através da sustentabilidade

Rita Ibérico Nogueira,

A arte como manifesto e ferramenta de transformação social. Assim se apresenta "Não Descartáveis", a mais recente exposição da artista plástica Ana Mesquita, conhecida como MESQ.

Ana Mesquita e Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde

Inaugurou ontem, no histórico Edifício do Relógio, na Baía de Cascais, depois de quase seis anos de preparação. Para quem, como a Fora de Série, acompanhou este projeto desde o embrião, é com enorme prazer que aceitamos o convite de Ana Mesquita a fazer, com “Não Descartáveis”, uma reflexão sobre sustentabilidade e inclusão através de obras criadas a partir de materiais reutilizados.

Apoiada pela Sociedade Ponto Verde e pela Câmara Municipal de Cascais, esta exposição apresenta 25 obras que traduzem um olhar crítico e inovador sobre o reaproveitamento de materiais. Embalagens de papel e cartão, elementos reciclados e objetos que remetem à natureza e à cultura pop foram trabalhados num minucioso processo de colagem e montagem, transformando resíduos em arte.

Arte que dá nova vida aos resíduos
No centro da exposição destaca-se a instalação “Cidade”, criada a partir de ecopontos de cartão, bem como a escultura de parede “Cavalo Marinho”, que sublinha a interseção entre arte e meio ambiente. Outro destaque é a obra “Temos Tudo”, uma renda de papel que sintetiza o conceito de “Não Descartáveis”, alertando para a relação do ser humano com o desperdício e o consumismo.

“Vivemos rodeados de conforto neste Ocidente estragado de mimos, que se queixa de tudo, em lugar de construir com recursos emocionais, intelectuais e tecnológicos únicos da História do Homem!”, afirma Ana Mesquita, destacando a urgência de um olhar mais consciente sobre a nossa relação com os materiais que descartamos.

Para além da exposição, MESQ estabeleceu uma programação interativa com a comunidade. A artista realizará encontros e workshops sob a chancela da Academia Ponto Verde, nos quais os participantes poderão aprender sobre a reutilização de materiais e criar as suas próprias peças artísticas a partir de embalagens recicladas.

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, reforça a importância da iniciativa: “Projetos como este permitem mostrar como é possível dar uma nova vida aos resíduos e inspiram a sociedade a repensar a sua relação com o desperdício. A arte tem o poder de sensibilizar para a reciclagem, e é por isso que integramos a Academia Ponto Verde nesta exposição”.

“Não Descartáveis” desafia o olhar e o pensamento, mostrando que a arte pode ser um veículo poderoso de mudança. Com um atelier aberto ao público e um programa de atividades que inclui aulas de yoga e colaborações com entidades sociais como o Café Joyeux e a Associação Quinta Essência, a exposição reforça a importância da inclusão e do diálogo através da criação artística.

A entrada é gratuita e a exposição estará patente por vários meses no Edifício do Relógio, na Baía de Cascais.

O percurso de Ana MESQuita
Com um percurso marcado pela transversalidade artística, MESQ transita entre o desenho, o design, o jornalismo e a videoarte. Formada em Design de Moda pelo Citex, no Porto, encontrou na expressão visual a sua forma mais autêntica de comunicação. Já expôs em espaços como o MAAT e Serralves, tendo obras públicas em Cascais e Oeiras. O seu trabalho inclui projetos como Frida Miranda, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, e Viagem Pelo Esquecimento, uma fusão de videoarte, música e poesia apresentada no MAAT em 2022.

Não Descartáveis, de Ana Mesquita
Edifício do Relógio, Baía de Cascais
Entrada livre

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