Bruxelas anuncia mais 3,5 mil milhões para a Ucrânia e “entrega imediata” de armas e munições

  • Lusa e ECO
  • 24 Fevereiro 2025

A União Europeia e os seus Estados-membros já mobilizaram 134 mil milhões de euros para a Ucrânia, "mais do que qualquer outro país", frisa von der Leyen. Costa promete “tudo o que for necessário".

A presidente da Comissão Europeia anunciou esta segunda-feira um novo pagamento à Ucrânia de 3,5 mil milhões de euros em março, quando o bloco comunitário já mobilizou 134 mil milhões, prometendo a entrega imediata de mais armas e munições.

“A Europa está aqui para reforçar a Ucrânia neste momento crítico. Posso anunciar que um novo pagamento de 3,5 mil milhões de euros para a Ucrânia chegará já em março“, anunciou Ursula von der Leyen falando na Cimeira Internacional de Apoio, em Kiev, onde está hoje para assinalar o terceiro aniversário da invasão russa do país.

Acompanhada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, e um dia após o antigo primeiro-ministro português ter anunciado uma cimeira extraordinária a 6 de março em Bruxelas dedicada à defesa europeia, a líder do executivo comunitário vincou que “não é apenas o destino da Ucrânia que está em causa, é o destino da Europa”, sendo que a “primeira prioridade continua a ser dar força à resistência” ucraniana.

Por essa razão, a União Europeia (UE) e os seus Estados-membros já mobilizaram 134 mil milhões de euros, “mais do que qualquer outro país”, assinalou Ursula von der Leyen.

Uma Ucrânia livre e soberana não é apenas do interesse europeu, mas também do interesse de todo o mundo.

Ursula von der Leyen

Presidente da Comissão Europeia

“Graças ao nosso Mecanismo de Apoio à Ucrânia e ao empréstimo do G7, colmatámos o défice orçamental da Ucrânia para todo o ano de 2025 e, paralelamente, temos de acelerar a entrega imediata de armas e munições. Este será o cerne do nosso trabalho nas próximas semanas”, prometeu a responsável.

Um total de 23 membros do colégio de comissários está hoje em Kiev, numa comitiva liderada por Ursula von der Leyen e à qual se juntou António Costa.

“Hoje, estou aqui com o colégio da Comissão Europeia. Uma Ucrânia livre e soberana não é apenas do interesse europeu, mas também do interesse de todo o mundo”, salientou a presidente da instituição, vincando que este apoio “não é apenas fundamental para a Europa”, mas também “para a Ásia, para África e para ambos os lados do Atlântico” e “um investimento na prevenção de guerras futuras”.

A propósito do anúncio sobre o Conselho Europeu especial, de 6 de março, Ursula von der Leyen disse ainda que apresentará “um plano abrangente sobre a forma de aumentar as nossas capacidades europeias de produção de armas e de defesa”, um Livro Branco sobre o setor, que deverá ser anunciado em meados do próximo mês.

Hoje, a Ucrânia assinala o terceiro aniversário do início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, que desencadeou uma guerra com um balanço de perdas humanas e materiais de dimensão ainda não inteiramente apurada. A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e militar dos aliados ocidentais.

Costa promete disponibilidade da UE para “tudo o que for necessário”

Já o presidente do Conselho Europeu disse em Kiev que a União Europeia está disponível para “fazer tudo o que for necessário para a sua segurança e continuar a apoiar a Ucrânia”, defendendo mais apoio financeiro e militar.

“A União Europeia [UE] está disposta a fazer tudo o que for necessário para a sua segurança e a continuar a apoiar a Ucrânia e é por isso que vou convocar um Conselho Europeu extraordinário para a próxima semana, no dia 6 de março, sobre o apoio à Ucrânia e o reforço da defesa da Europa, trabalhando em estreita colaboração com a Comissão Europeia e com [a presidente] Ursula [von der Leyen]”, afirmou António Costa.

Intervindo na Cimeira Internacional de Apoio à Ucrânia, em Kiev, onde está para assinalar o terceiro aniversário da invasão russa do país, António Costa assegurou que a UE está pronta “para aumentar o apoio financeiro e militar à Ucrânia e para construir o futuro da Ucrânia na UE”.

Este é a segunda visita de António Costa a Kiev em dois meses, após ter iniciado o seu mandato na capital ucraniana, em dezembro passado e surge um dia após ter anunciado que iria convocar um Conselho Europeu extraordinário, que terá lugar no dia 06 de março em Bruxelas, dedicado ao apoio à Ucrânia e à defesa europeia.

Relatório oficial indica 860 mil baixas russas desde 2022

Os serviços de informações britânicos indicaram, entretanto, que a guerra na Ucrânia fez até ao momento 860 mil baixas no exército russo, mas admite que Moscovo conseguiu impor pressão constante sobre os militares ucranianos.

O relatório dos serviços de informações do governo britânico foi divulgado através das redes sociais no dia em que se assinalam três anos da invasão da Ucrânia pela Rússia e destaca que o exército russo sofreu cerca de 860 mil baixas, entre mortos e feridos.

Segundo o relatório, o número de baixas “substancial” afetou a qualidade das forças armadas russas, contrariando o plano anunciado por Moscovo, antes de 2022, de estabelecer uma força moderna e profissional.

Para os serviços de informações do Reino Unido, a Rússia depende atualmente da quantidade em detrimento da qualidade para continuar as operações contra a Ucrânia.

O mesmo relatório refere que os efetivos que servem atualmente no exército russo recebem formação mínima, enquanto os comandantes russos utilizam táticas básicas para progredir no terreno.

“A Rússia perdeu pelo menos 3.750 tanques e 8.400 veículos blindados. A grande quantidade de carros de combate e veículos blindados, um legado da União Soviética, tem sido o único meio da Rússia para repor estas pesadas perdas”, indica ainda o relatório.

Londres nota que apesar dos “custos impostos às forças terrestres”, a Rússia tem sido capaz de impor pressão sobre as defesas ucranianas. Mesmo assim, a análise militar do Reino Unido refere que os progressos de Moscovo abrandaram no início de 2025.

Londres quer “mais pressão” sobre Rússia para forçar concessões

Os britânicos, incluindo o Rei Carlos III, estão unidos no apoio à Ucrânia, afirmou esta manhã o primeiro-ministro, Keir Starmer, que defendeu a necessidade de pressionar mais a Rússia para fazer concessões durante negociações para a paz.

Numa intervenção feita por videoconferência durante uma reunião de vários líderes internacionais em Kiev, quando se assinala o terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, Starmer quis enviar uma “mensagem simples e clara”.

“O Reino Unido está convosco hoje e todos os dias, desde Sua Majestade o Rei aos trabalhadores do NHS (Serviço Nacional de Saúde) que se voluntariaram nos hospitais da Ucrânia e às comunidades que acolheram os refugiados ucranianos no seu coração”, afirmou.

Starmer disse que “neste triste aniversário, este é um momento de unidade” e apelou para que os aliados de Kiev “trabalhem em conjunto para moldar o resultado”.

“A Rússia não tem todas as cartas na mão nesta guerra, porque os ucranianos têm a coragem de defender o seu país, porque a economia russa está em dificuldades e porque já perdeu a maior parte das suas forças terrestres e da sua frota do Mar Negro nesta invasão inútil. Por isso, é preciso aumentar ainda mais a pressão para conseguir uma paz duradoura, e não apenas para fazer uma pausa nos combates”, argumentou o chefe do governo britânico.

Keir StarmerLusa

Além da intensificação do apoio militar à Ucrânia, em que Starmer prometeu 4,5 mil milhões de libras (5,4 mil milhões de euros) do Reino Unido este ano, o primeiro-ministro britânico afirmou querer “aumentar a pressão económica para levar Putin a um ponto em que esteja disposto não só a falar, mas também a fazer concessões”.

O governo britânico pretende hoje anunciar o que descreve como “o maior pacote de sanções do Reino Unido desde os primeiros dias da guerra” que deverá incluir mais navios da ‘frota sombra’ russa (usados para contornar as sanções contra as vendas de petróleo e gás russos) e empresas chinesas e de outros países que fornecem componentes militares à Rússia.

Starmer quer também que o G7, o grupo dos sete países mais industrializados, com o qual vai reunir-se hoje, assuma “mais riscos” e imponha outras medidas, como o limite do preço do petróleo, e sancione as grandes petrolíferas russas e bancos que permitem a evasão de Moscovo às sanções económicas.

O primeiro-ministro britânico reiterou também a disponibilidade do Reino Unido para contribuir para uma força de manutenção de paz, juntamente com outros países europeus e com o apoio dos Estados Unidos, “vital para dissuadir a Rússia de lançar outra invasão dentro de poucos anos”.

“O Presidente Trump mudou a conversa global nas últimas semanas e criou uma oportunidade. Agora temos de acertar nos aspetos fundamentais. Se queremos que a paz perdure, a Ucrânia deve ter um lugar à mesa e qualquer acordo deve basear-se numa Ucrânia soberana, apoiada por fortes garantias de segurança”, vincou.

 

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