
O dom da palavra é lindo, o silêncio é ainda mais belo
Semana atribulada e preenchida naquilo que compete ao Departamento Legal e de Comunicação benfiquista. Tal como na vida, quando nada de bom se tem a dizer, o silêncio é a melhor homenagem.
Semana atribulada e preenchida naquilo que compete ao Departamento Legal e de Comunicação benfiquista, marcada pelo fim do prazo de consulta da Proposta Final de Alteração dos Estatutos, pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça relativamente ao caso dos emails, a confirmação da presença nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e, claro, o silêncio ensurdecedor e incómodo (para alguns) após a morte de Pinto da Costa.
Após uma luta intensa e inacabada dos sócios para que houvesse uma revisão estatuária de modo a renovar os estatutos de 2010, da época de Vieira, o trabalho inalcançável do movimento Servir o Benfica, em conjunto com a Direção, fez com que depois de 3 sofridas Assembleias Gerais Extraordinárias, a inicial Proposta de Consenso se transformasse numa última Proposta Final, que após o prazo de consulta de 30 dias, terminado no passado dia 16, sofreu alterações bem esclarecidas pelo Pedro Santiago, nas redes sociais do Benfica Independente.
Ainda dentro das competências do Departamento Legal, a decisão do Supremo Tribunal de Justiça acerca do caso dos emails veio provar que embora possa tardar, a justiça não falha. Com entrada para a justiça em 2022, o FC Porto acabaria por ser condenado a pagar 605.300,90 euros, decisão da qual o Benfica recorreu, ao considerar que os danos (desportivamente falando) seriam merecedores de uma maior indemnização. Assim, o FC Porto terá agora de pagar, no total, 770 mil euros. A decisão do STJ menciona ainda uma “ofensa a pessoa coletiva”, que se refere à reputação do próprio Benfica, manchada constantemente durante o processo, quer por exposições ilegais de emails por Francisco J. Marques, quer pelo FC Porto através dos seus comunicados. A sentença inicial previa o pagamento de uma indemnização de 1 milhão de euros por parte do FC Porto, mas o montante final será agora decidido em sede de liquidação de sentença, podendo ser inferior ou superior ao valor anteriormente mencionado. Convém então compreender que esta decisão, apesar de retribuir ao Benfica o seu bom nome, não apaga na totalidade (nem aproximadamente) todos os danos que este sofrera.
Todos estes processos, quer estatuários, quer relativos a decisões judiciais, não tiveram efeito na “matéria prática benfiquista”, permitindo ao Benfica qualificar-se para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, num jogo sofrido e marcado pelas ausências que as lesões têm causado. Bruno Lage, da mesma maneira que tem sido justamente criticado com as exibições recentes, merece também o elogio quando lhe é devido: apesar de o jogo não ter sido preparado da melhor forma, como revelou a prestação da equipa na 1ª parte, a dupla substituição realizada permitiu mudar o rumo do jogo e refrescar fisicamente a equipa para não deixar de lutar, num jogo que do inicio ao fim se mostrou combativo. O Benfica arrecada assim mais 11M pelo apuramento para os oitavos-de-final, mas naquilo que realmente importa, a vertente desportiva, está pelo 3º ano em 4 no seu “habitat natural”, entre a elite dos clubes europeus.
Numa última nota, relativa àquilo que alguns chamam de “elefante na sala”, mas que na realidade é um assunto de uma importância tao elevada quanto lha derem, o silêncio da parte do Benfica e do Sporting, tem incomodado pessoas de Norte a Sul do país, que alegam o “dever institucional” e a “separação entre a instituição e quem a representa”. Tenho a certeza que tanto Rui Costa como Frederico Varandas optaram por manter o silêncio numa altura como esta, não por motivos pessoais, mas sim pelo resguardar de um certo orgulho do próprio clube que representam. Seria incorreto, devido ao nível de hipocrisia evidente, prestar homenagem e emitir notas de pesar para alguém que sempre cultivou o ódio e atacou tudo e todos para atingir nada mais nada menos do que o sucesso da instituição que representava. O que não faltam são exemplos de rivais que, pelo seu próprio comportamento e caráter, foram devidamente homenageados, tais como Fernando Gomes e Quintana.
Assim, tal como na vida, quando nada de bom se tem a dizer, o silêncio é a melhor homenagem.
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