Negócios +M

Marcas também “pedalam” na Volta a Portugal

Rafael Ascensão,

A organização não tem dúvidas: "Sem marcas a Volta não existia". Entre municípios e marcas privadas, o apoio dado à prova rainha de ciclismo em Portugal é de perto de três milhões de euros.

A histórica prova de ciclismo portuguesa Volta a Portugal, vai de novo percorrer o país ao longo de 11 etapas, entre os dias 9 e 20 de agosto. Conforme refere a organização, são as marcas patrocinadoras que tornam possível a realização deste evento, entre as quais se encontra o Continente (amarela), Galp (laranja), Europcar (prémio montanha) e Jogos Santa Casa (branca), enquanto patrocinadores principais e das camisolas, com quem o +M falou de modo a perceber o que as movia nestes apoios.

Figurando como patrocinador principal, o Continente diz que o seu apoio à Volta a Portugal “reflete o compromisso da marca em incentivar o desporto e promover um estilo de vida saudável“, tendo em conta que o ciclismo promove “a superação pessoal, a dedicação e o espírito de equipa, valores que estão alinhados com a filosofia da nossa marca”, refere o Continente em resposta ao +M.

O Continente continua a ser o patrocinador da camisola amarela, sendo que “poder envergar esta camisola, que combina a cor da vitória com a marca Continente, é uma ocasião que queremos celebrar com todos, ao longo das várias etapas da Volta”.

O Continente continua a ser o patrocinador da camisola amarela.

Em termos de ativação de marca, a Caravana Continente leva animação às feiras de animação das Partidas e das Chegadas da prova, ao longo das suas 10 etapas, distribuindo brindes aos fãs. Entre 10 e 14 de agosto a marca vai também promover sessões de cinema ao ar livre gratuitas em algumas das localidades onde passa a Volta a Portugal.

“Com esta iniciativa ‘Cinema na Praça’ estamos ainda mais próximos das comunidades onde estão inseridas as nossas lojas Continente Modelo e proporcionamos bons momentos também ao público que acompanha esta importante prova desportiva”,

Em resposta ao +M, a Galp começa por “justificar” a sua entrada enquanto patrocinadora oficial da prova, tendo em conta a sua “longa tradição de associação a grandes desportistas e a grandes eventos nacionais que mobilizam os portugueses”, sendo a Volta a Portugal um desses eventos.

O fator de proximidade e de ligação entre os portugueses é, provavelmente, um dos pontos de identificação mais evidentes entre a Galp e o imaginário da Volta a Portugal, feito de etapas míticas em localidades mais distantes dos grandes centros urbanos e das atenções mediáticas”, aponta a marca.

A Galp, neste primeiro ano de patrocínio, é assim a marca responsável por vestir de laranja o líder da classificação por pontos mas, além disso, pretende também transportar para o ciclismo o conceito que preside ao seu envolvimento noutros desportos: “Põe a nossa energia no pedal”.

A Galp é a marca responsável por vestir de laranja o líder da classificação por pontos.

A marca revela que idealizou diversas iniciativas e ações, como a disponibilização de benefícios Galp Electric para todos os veículos elétricos da organização da prova, a presença nas Feiras de Animação das Chegadas e no Clube da Volta, ativações nos postos Galp ao longo do mapa da Volta e ainda ativações na estrada, “onde o laranja da Galp será uma constante entre os fãs de ciclismo”.

Os Jogos Santa Casa, numa parceria já com tradição e longevidade, mantém o seu apoio à prova rainha de ciclismo portuguesa, dando nome à Camisola Branca atribuída ao líder da Juventude e concedendo o prémio ao Melhor Português, “valorizando o talento nacional”.

Em resposta ao +M, os Jogos Santa Casa referem o “potencial descentralizador” caraterístico da prova que “permite aos Jogos Santa Casa estar mais perto dos milhares de apostadores dos Jogos Sociais do Estado, mas também dos seus mediadores espalhados pelo país. É uma oportunidade única de contactar e envolver os mediadores e apostadores nas ações que serão desenvolvidas em cada uma das etapas”, refere Nuno Alves, administrador dos Jogos Santa Casa.

Os Jogos da Santa Casa patrocinam a Camisola Branca, atribuída ao líder da Juventude.

Para a ativação da sua marca, os Jogos Santa Casa desenvolveram o conceito “Somos Fãs” – que acompanhará todas as comunicações de marca e ativações na Volta a Portugal – conceito que “permite transmitir a mensagem de que os Jogos Santa Casa apoiam o desporto de forma abrangente, colocando a marca como fã do desporto e, neste caso específico, da Volta, da Juventude e do Talento Nacional”, explica também Nuno Alves.

Já conhecida entre os fãs mais fiéis, a Roda de Brindes vai estar presente nas ações da marca, bem como serão oferecidas réplicas da Camisola da Juventude. As pessoas são ainda desafiadas a passarem pelo camião dos Jogos Santa Casa, de forma a tentarem apanhar o trevo da sorte dentro de uma cabine de vento.

Já para a Europcar é “gratificante” patrocinar esta iniciativa desportiva, uma vez que esta movimenta milhares de pessoas de todos os pontos do país, “na medida em que fazemos parte da história do desporto nacional, apoiando-o”, e ainda porque “nos permite aproximar dos nossos clientes ao longo dos 11 dias de prova“, numa relação de proximidade com o cliente que a marca quer promover, diz ao +M Paulo Pinto, head of Portugal do Europcar Mobility Group.

A Europcar é a responsável pela Camisola do Prémio da Montanha.

A Europcar marca presença ao longo da Volta a Portugal como patrocinadora da Camisola do Prémio da Montanha, mas conta também com stands em alguns pontos “estratégicos” – Castelo Branco, Covilhã, Guarda, Montalegre, Fafe, Mondim de Basto e Viana do Castelo – onde será possível tirar fotos numa giftboth, receber brindes e descobrir mais sobre a marca.

Nestes stands, a Europcar vai ainda dar a conhecer a sua oferta de mobilidade elétrica, mais precisamente com um carro elétrico e uma bicicleta elétrica. “Queremos reforçar junto das pessoas o nosso compromisso com a sustentabilidade e a estratégia de descarbonização que temos implementado“, refere Paulo Pinto.

A sustentabilidade é na verdade um dos fatores que move as marcas no apoio à maior prova de ciclismo em Portugal.

O Continente diz que este patrocínio é também uma forma de “divulgar e promover boas práticas de sustentabilidade e chamar a atenção para a importância da preservação do meio ambiente“, sendo o ciclismo “um meio de transporte limpo e sustentável” e “uma alternativa viável para a mobilidade urbana”.

Já a Galp, refere uma “responsabilidade que nos motiva a construir o futuro da transição energética“, sendo que “não nos limitamos a apontar o horizonte, estamos a liderar o caminho até ele. E esses são os valores que vamos comunicar também através desta nossa associação à Volta a Portugal”, afirma fonte oficial da marca ao +M.

“Descentralização” e apoio à sustentabilidade entre os principais fatores justificativos do patrocínio apontados pelas marcas. Foto: Facebook Volta a Portugal

Neste que é o seu primeiro ano de patrocínio à prova, a Galp aponta a “mobilização e sensibilização das pessoas para a jornada de descarbonização e de transformação que temos de fazer como sociedade” como o objetivo macro do seu apoio.

“Sendo a Galp uma empresa de referência na área da mobilidade, aproveitaremos para focar ao longo da prova a transformação do nosso negócio. Com particular ênfase no caminho que estamos a fazer para disponibilizar combustível e energia mais sustentável – seja através dos biocombustíveis, seja através da nossa liderança na mobilidade elétrica –, e na progressiva evolução da nossa rede de retalho em ‘hubs de serviços’, com uma oferta alargada de serviços que visam proporcionar uma experiência de abastecimento de energia numa lógica de ‘Energia para os veículos e Energia para os nossos Clientes'”, acrescenta a marca de combustíveis.

Nenhuma das marcas revelou o investimento feito no âmbito destes patrocínios mas a Europcar deixou a nota de que podia afirmar que o retorno com o patrocínio à Volta a Portugal é “amplamente compensador, principalmente pela aproximação às pessoas, dando a conhecer aquilo que a nossa empresa representa atualmente para a mobilidade sustentável”.

Já os Jogos Santa Casa, na palavra de Nuno Alves, referem que se trata de uma parceria “consolidada ao longo dos últimos anos, cujo retorno sustentado em termos de posicionamento é demonstrativo do valor de marca dos Jogos Santa Casa e da Volta a Portugal“.

Sem as marcas e os parceiros seria inviável a organização da Volta e de todas as atividades associadas e que levamos até às pessoas

Vasco Empis

administrador da Podium (entidade organizadora) e responsável de comunicação do evento

Também contactada pelo +M, a organização refere que, para as marcas patrocinadoras, a Volta a Portugal é uma “plataforma de comunicação e promoção para as marcas que se associam”, refere Vasco Empis, administrador da Podium (entidade organizadora) e responsável de comunicação do evento.

Segundo Vasco Empis, as marcas atingem cinco objetivos com o seu patrocínio à prova: notoriedade, exposição no terreno, proximidade com a população (exponenciada através das 22 feiras de animação situadas nos concelhos com as partidas e chegadas), relações públicas com clientes e fornecedores e goodwill (associado à imagem das marcas que tornam possível a organização do evento).

Sem estas, a realização do evento também não seria possível:

Sem marcas a Volta não existia. Sem as marcas e os parceiros seria inviável a organização da Volta e de todas as atividades associadas e que levamos até às pessoas“, observa o responsável de comunicação do evento, adiantando que, no total, as “marcas” investem perto de três milhões de euros na Volta a Portugal, entre marcas privadas (60%) e municípios (40%).

No entanto a organização não tira os pés dos pedais, com Vasco Empis a afirmar que “estamos cada vez a trabalhar mais em parceria com as marcas e as autarquias, de forma a ainda potenciar mais a divulgação e a proximidade com as pessoas”, naquele que é um “trabalho conjunto” com as marcas que é “determinante para o enorme sucesso da Volta junto das pessoas”.

Marcas patrocinadoras da Volta a Portugal. Foto: Facebook Volta a Portugal

“Tanto municípios como o Continente, a Santa Casa, a Galp, a Europcar e outros, devem todos sentir que a Volta é sua e que o seu envolvimento é essencial muito para além do investimento em dinheiro ou equipamentos”, acrescenta.

Referindo a entrada da Galp este ano no grupo de marcas patrocinadoras, Vasco Empis afirma que “sentimos que cada vez mais captamos marcas com maior prestígio e presença no dia a dia dos portugueses. Há uns anos a marca Santander, os Jogos Santa Casa e a Delta que nos acompanham há muitas edições, depois entrou o Continente e agora Galp”.

“Outra grande alteração foi o interesse de marcas premium como a Mercedes através da Carclasse, ou a de roupa portuguesa de elevada qualidade como a ISTO, marcas que anteriormente não se posicionavam num evento de ciclismo como a Volta a Portugal, mas com o crescimento da popularidade da bicicleta, da mobilidade verde e dos desportos não poluentes, começam a rever-se na Volta a Portugal alargando assim o espectro de clientes”, refere também.

Ao nível da comunicação…

À semelhança do ano passado, a organização encontra-se também a realizar um relatório de performance de comunicação de modo a que, no final de setembro, perceba se as audiências cresceram, algo “que tem acontecido de ano para ano e de uma forma considerável”, graças ao trabalho de uma equipa que tem otimizado e desenvolvido “formas de comunicação e ativação que gerem uma cada vez maior proximidade com as pessoas”.

Neste sentido, para este ano, foram desenvolvidas várias dinâmicas e ferramentas para o aumento do resultado final, como a produção de reportagens para a rádio diariamente sobre a prova (com o objetivo de difusão pelas rádios locais por onde a Volta vai passar) ou o reforço da relação com meios de comunicação social regionais (que têm “enorme penetração local na população”), diariamente nos locais aonde a Volta passa.

A organização estabeleceu também parcerias com plataformas digitais e redes sociais ao nível do operador, como, por exemplo, com o TikToK, na qual vai produzir conteúdos destinados e com procura dentro da comunidade, e vai ainda proceder à otimização dos procedimentos e da fluidez de informação, tendo como objetivo uma ainda “maior eficiência nas formas de comunicação com os meios de comunicação social acreditados no evento”.

A RTP será a responsável pela transmissão em direto e em permanência dos 11 dias da competição, num total de 1598,6 km entre Viseu e Viana do Castelo, ao longo de várias horas de emissão na RTP1, RTP3, RTP Play, Antena 1 e canais internacionais.

O jornalista João Pedro Mendonça será o narrador e fará igualmente reportagem juntamente com Pedro Teichgraber, enquanto Hugo Sabido vai acompanhar a prova na estrada numa das motas da RTP. As etapas vão também contar com os comentários de Marco Chagas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.