BCE corta taxas de juro pela primeira vez em quase cinco anos

O Banco Central Europeu confirmou as expectativas de investidores e analistas e cortou as taxas diretoras em 25 base, após um ciclo de 10 subidas que aumentaram o preço do euro em 450 pontos base.

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE), presidido por Christine Lagarde, anunciou esta quinta-feira um corte de 25 pontos base das taxas diretoras, colocando assim a taxa de juro de facilidade permanente de depósito nos 3,75%, a taxa de juro de refinanciamento nos 4,25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez nos 4,5%, que terá efeitos a partir de 12 de junho.

Esta decisão está longe de ser uma surpresa para investidores e analistas, que já aguardavam este desfecho, e vai ao encontro do abrandamento da taxa de inflação desde que atingiu um máximo histórico em outubro de 2022 de 10,6%.

“Com base numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária, é agora apropriado moderar o nível de restritividade da política monetária, após as taxas de juro terem sido mantidas constantes durante nove meses“, refere o Conselho do BCE em comunicado.

Apesar desta decisão ser amplamente esperada pelos investidores e analistas, é um marco na política monetária do BCE, que ao fim de quase cinco anos e depois de um ciclo de 10 subidas consecutivas entre julho de 2022 e setembro de 2023 que incrementaram o preço da moeda única em 450 pontos base, realizou o primeiro corte das taxas de juro.

A entidade liderada por Christine Lagarde sustenta o corte das taxas na evolução recente da taxa de inflação na área do euro, destacando que, desde a reunião do Conselho do BCE de setembro de 2023, a inflação desceu mais de 2,5 pontos percentuais “e as perspetivas de inflação melhoraram significativamente”, destacando ainda que “a inflação subjacente também abrandou, reforçando os sinais de enfraquecimento das pressões sobre os preços, tendo as expectativas de inflação baixado em todos os horizontes.”

Apesar desta situação, o BCE reforça que “as pressões internas sobre os preços permanecem fortes, dado que o crescimento dos salários é elevado, sendo provável que a inflação se mantenha acima do objetivo durante grande parte do próximo ano”, refere o Conselho do BCE em comunicado.

O BCE não avança com qualquer indicação de futuros cortes das taxas de juro, apesar de o mercado antecipar um corte por trimestre até ao final do ano, sublinhando que “o Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na definição do nível e da duração adequados da restritividade.”

O BCE recorda que as projeções mais recentes dos especialistas do Eurosistema indicam uma revisão em alta para a inflação global e a inflação subjacente em 2024 e 2025, em comparação com as previsões de março. “Os especialistas do Eurosistema projetam agora que a inflação global seja, em média, de 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026.”

O comunicado do BCE não avança com qualquer indicação de futuros cortes, apesar de o mercado antecipar um corte por trimestre até ao final do ano, sublinhando que “o Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na definição do nível e da duração adequados da restritividade”, e que “as suas decisões sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária.”

“O BCE atuou e seguiu as suas orientações. Não estão a comprometer-se com novos cortes nas taxas e uma medida em julho está fora de questão”, refere MArchel Alexandrovich, economista para o mercado europeu da Saltmarsh Economic, citado pela Reuters.

O comunicado do Conselho do BCE destaca também a intenção a autoridade monetária do euro continuar a reduzir as posições do Eurosistema em títulos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos devido à emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP), avançando que, durante o segundo semestre do ano, deverá reduzir o PEPP numa média de 7,5 mil milhões de euros por mês.

Além disso, refere também que “as modalidades de redução das posições no âmbito do PEPP estarão globalmente em consonância com as seguidas no contexto do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP)” e que “a carteira do APP está a diminuir a um ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos.”

O comunicado do BCE termina com o Conselho do BCE a sublinha, mais uma vez, que “está preparado para ajustar todos os instrumentos ao seu dispor, no âmbito do seu mandato, com vista a assegurar que a inflação regressa ao seu objetivo de 2% no médio prazo e a preservar o bom funcionamento da transmissão da política monetária.”

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