Abrir mão do livre-arbítrio

  • Pedro Moreira
  • 28 Fevereiro 2025

A IA tem a capacidade de melhorar a comunicação interna, mas não é a "última bolacha do pacote".

Encontrar, e ser bem-sucedido na implementação das melhores soluções é um dos principais objetivos para quem gere, investiga ou trabalha a comunicação interna, a comunicação externa ou o marketing nas organizações. O trabalho de investigação exige uma análise crítica suficientemente aguçada para perceber as tendências e avaliar que ideias se coadunam com a identidade, missão e objetivos das nossas organizações.

Nesta lógica, é natural que, quase a cada viragem de ano, surjam listas e mais listas de ideias para os 12 meses que se avizinham. Algumas exequíveis, outras mais ortodoxas ou ambiciosas, mas percebemos facilmente que existe um fio condutor, um objetivo transversal a todas as ideias, que remete para a.… Inovação!

Não é, portanto, de estranhar que a Inteligência Artificial (IA) conste nestas listas de trends de comunicação interna para as organizações. Com uma certa facilidade conseguimos vislumbrar algumas das vantagens na sua utilização, seja pela capacidade de análise de dados ou pela transposição de obstáculos de forma célere.

Algumas das ideias apontadas para a utilização da IA, em ambiente corporativo, destacam a criação e partilha de alertas, e-mails ou newsletters de forma muito mais eficaz, economizando, dessa forma, recursos e tempo. Outra ideia refere a elaboração de mensagens individualizadas, direcionadas a cada colaborador, elaboradas com recurso às suas preferências e comportamentos.

Todas essas soluções são exequíveis e podem fazer uma grande diferença na forma como entregamos as mensagens às “nossas pessoas”. No entanto, existem duas questões que não devem ser negligenciadas: a facilidade com que os conteúdos são gerados através da Inteligência Artificial pode facilmente esbarrar em questões éticas e, por outro lado, o perigo de as pessoas abdicarem da capacidade de supervisionar o produto final.

Este “novo normal” traz-nos, alegadamente, acórdãos feitos com recurso à IA, onde são citados artigos e jurisprudência inexistentes, e teses académicas feitas da mesma forma.

É fundamental que a última palavra seja sempre humana.

A IA tem a capacidade de melhorar a comunicação interna, mas não é a “última bolacha do pacote”. Para se alcançarem os melhores resultados, é necessário encontrar o equilíbrio entre o que é virtual e o que é humano, respeitar os aspetos éticos e manter a comunicação clara e assertiva. É certo que a Inteligência Artificial trouxe alterações no jogo, mas vamos assegurar-nos de que nos mantemos dentro das regras.

  • Pedro Moreira
  • Communication adviser

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