José Apolinário deixa um alerta: "É preciso continuar a ser mais eficientes, a reduzir as perdas e prosseguir os investimentos".
“Dada a pluviosidade que ocorreu nas últimas semanas, vamos enfrentar este verão com maior tranquilidade.” A avaliação é do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve. Em entrevista ao ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus, José Apolinário deixa um alerta: “É preciso continuar a ser mais eficientes, a reduzir as perdas e prosseguir os investimentos”.
De acordo com os dados da Águas do Algarve, a barragem de Odeleite é aquela que apresenta, atualmente, a maior capacidade de armazenamento. A 14 de fevereiro, tinha 101,78 hm3 de água, ou seja, 78,29% da sua capacidade. Um valor que compara com os 54,32 hm3 de há um ano (41,79%). Próxima dos mesmos níveis de capacidade (70,83%), a barragem de Beliche acumula 34 hm3 de água, mais do dobro face ao ano anterior (16,6 hm3). Já a barragem de Odelouca tem água correspondente a apenas 41,4% da sua capacidade (65,06 hm3), ainda assim um desempenho homólogo melhor. A 14 de fevereiro de 2024 a barragem tinha apenas 49,4 hm3 de água (31,31%).
Diminuir as perdas de água, reduzir a intrusão salina nos esgotos municipais, investir em etares para ter maiores quantidades de água residual tratada são as alternativas enquanto o Algarve espera por investimentos como a dessalinizadora e a Tomada de Água do Pomarão, investimentos que saíram do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e deverão ser assegurados pelo Portugal 2030 ou através de empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI).
José Apolinário sublinha que “o importante é que sejam asseguradas novas fontes de abastecimento de água” no Algarve. “Chamo a atenção que temos água relativamente para pouco mais de um ano; que no Algarve esta pluviosidade se tem registado mais na zona a sotavento, de Albufeira até Vila Real de Santo António; que a barlavento a pluviosidade tem sido menor”.
O responsável lembra que a água é necessária não só para consumo humano, mas também para a economia. “Precisamos de água para garantir o abastecimento dos campos de golfe. Com o PRR vai ser possível chegar a 50% dos campos de golfe regados com água residual tratada. O objetivo da região é tentar chegar à totalidade até ao final da década. Por outro lado, em relação à agricultura, o PRR tem também investimentos de otimização, nomeadamente no perímetro de Rega de Alvor. Precisamos, nesta matéria, de prosseguir estes investimentos para garantir maior eficiência na gestão da água, também na agricultura, porque a agricultura é importante, enquanto ativo, estratégico para a diversificação económica e para a segurança alimentar”, frisa.
Este verão vamos ter novamente problemas de falta de água?
Dada a pluviosidade que ocorreu nas últimos semanas, vamos enfrentar este verão com maior tranquilidade. Mas é preciso continuar a ser mais eficientes, a reduzir as perdas e prosseguir os investimentos, quer os que estão previstos no PRR, nomeadamente a ampliação da conduta que vai transferir a água do Sotavento para Barlavento. A implementação e concretização dos projetos que estão em curso por parte das autarquias de diminuição das perdas, intervenções em termos de redução da intrusão salina nas águas residuais (nos esgotos dos municípios) e prosseguir os investimentos nas etares para ter maiores alternativas em termos de água residual tratada. Como região, temos o objetivo de termos os 100% dos campos de golfe com água residual tratada Com o PRR será possível atingir 50%, mas temos de ter como objetivo atingir 100%.
E esse esforço terá de ser continuado.
Importa sublinhar que na subregião a Barlavento, temos mais dificuldades em termos de acesso à água que a Sotavento. Essa conjugação de medidas vai ter de prosseguir.
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Seca no Algarve? “Vamos enfrentar este verão com maior tranquilidade”
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