Participada espanhola da Mota pede mais três meses para negociar com credores

A Duro Felguera prolongou o período de negociações até ao dia 11 de junho, após não ter chegada a acordo com a Sociedad Estatal de Participaciones Industriales (SEPI) sobre dívida de 120 milhões.

A Duro Felguera, a participada espanhola da Mota-Engil, pediu a prorrogação por três meses do processo de proteção contra credores que apresentou no final de dezembro, para continuar a negociar com as entidades financeiras uma reestruturação do grupo, por não ter chegado a acordo com a Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI). Com este adiamento, a empresa prolonga o prazo de negociações com credores até ao próximo dia 11 de junho.

“A empresa e suas subsidiárias Duro Felguera Energy Storage, Duro Felguera Green Tech, Duro Felguera Calderería Pesada, DF Mompresa, DF Operaciones y Montajes, Duro Felguera Oil & Gas, Duro Felguera Intelligent Systems e DFOM Biomasa Huelva apresentaram perante o Tribunal Comercial número 3 de Gijón (Astúrias), perante o qual está a tramitar a pré-insolvência da empresa espanhola, a prorrogação dos efeitos da comunicação de abertura de negociações por um período adicional de três meses“, adiantou a empresa em comunicado enviado à Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV), o regulador espanhol.

A empresa informa ainda que este pedido contou com o consentimento de 96,5% dos credores que podem ser afetados pela reestruturação, enquanto o pedido de prorrogação é acompanhado de uma declaração responsável, assinada pela Duro Felguera.

Fontes da empresa de engenharia das Astúrias confirmaram à Europa Press que o conselho de administração da Duro Felguera iria reunir-se esta segunda-feira, num contexto marcado pelas inúmeras reuniões que têm acontecido nestes dias para discutir a crise que a empresa enfrenta.

De acordo com o Cínco Días, os principais acionistas — as empresas mexicanas Prodi e a Mota-Engil México — e a SEPI, que tem dois assentos no conselho de administração da empresa espanhola, também têm discutido a possibilidade de Duro Felguera pedir diretamente a falência.

O plano de reestruturação da empresa poderia incluir um acordo com o Governo, através da SEPI, para converter em ações os 120 milhões de euros que lhe emprestou em plena pandemia, o que lhe daria a maioria do capital. Contudo, até agora, ainda não houve um entendimento em relação a este plano.

Litígio argelino continua aberto

Outro dos temas que a empresa terá que resolver é o litígio com a empresa estatal argelina Sonelgaz, que apresentou junto da Câmara de Comércio e Indústria da Argélia um pedido de arbitragem no qual reclama o pagamento de 413 milhões de euros à Duro Felguera. Em causa está a suspensão do contrato para a fábrica de ciclo combinado de Djelfa, a sul de Argel, capital argelina.

Responsáveis da empresa espanhola voaram, este domingo, para a Argélia, para tentar desbloquear este projeto, o que significaria alcançar um acordo com a Sonelgaz. Contudo, até agora também não há notícias sobre o que terá saído desta reunião.

A portuguesa Mota-Engil, através da sua participada mexicana, e o grupo mexicano Prodi completaram no final de 2023 a injeção de 90 milhões de euros na Duro Felguera, o primeiro passo para a entrada como novos acionistas da cotada espanhola que, em 2021, recebeu um apoio público temporário no valor de 120 milhões de euros. Depois dos primeiros 30 milhões em outubro, desembolsaram em dezembro a segunda tranche de 60 milhões de euros.

O CFO da construtora portuguesa adiantou ao ECO, no passado mês de novembro, que “o tema da Duro Felguera” nasceu “como um braço capaz para o desenvolvimento de grandes investimentos que vai haver na reindustrialização, mas é importante perceber que a Mota-Engil esteve envolvida como parceiro industrial, mas posicionou-se sempre com um ticket de capital muito, muito exíguo, abaixo dos 13%, nos 12,5%”, esclareceu José Carlos Nogueira.

No início deste ano, a Duro Felguero abandonou um projeto de hidrogénio verde que estava em curso em Sines, e cujo grau de avanço nos trabalhos rondava já os 30%. Esta decisão foi tomada no âmbito do processo de proteção contra credores. A companhia analisou todas as obras que tinha em mãos e optou, primeiro, por abandonar um projeto no Canadá e, depois, em Sines.

O projeto estava a ser construído para a cotada italiana Maire Tecnimont, que por sua vez estava encarregue de desenvolver o projeto da fábrica de hidrogénio verde e amoníaco verde da MadoquaPower2X em Sines. MadoquaPower2x é um consórcio do qual fazem parte a Madoqua Renewables, a Power2X e a Copenhagen Infrastructure Partners (CIP).

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